segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Assunto: a chuva e os (maus) cheiros

E como se não bastasse nos molhar de uma ponta à outra, nos deixar desanimados, depressivos e até pouco felizes, a chuva despoleta na comunidade em geral uma forte apetência para o mau cheiro. E é nestes momentos que o ódio de ter de andar em três transportes públicos diferentes para chegar ao meu destino vem ao de cima e torna este o pior momento do dia, quase irrespirável em certas situações. Ah, claro, isto e fazer estágio na favela resistente - local onde os maus cheiros abundam, e com a chuva saem muito mais intensificados.
Ninguém merece, ou pelo menos, eu e o meu nariz não merecemos!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Assunto:

Não sei que assunto por neste carta para ti e para ti, ah, e para ti. Não sei mesmo, e isso não me preocupa. Pode ficar assim, porque quem manda aqui sou eu. Hoje estou com um misto gigante de sentimentos. Se há duas horas estava nos patamares mais altos da boa disposição. Agora estou assim, sem saber porquê. Não estou mal disposto - nem tenho razões para isso. Não estou triste - acho eu.
Estou só sem saber como estou. Com a cabeça a borbulhar. Já escrevi um belo pedaço hoje. E agora que pensava que já tinha chegado, continuou a apetecer-me ver palavras pensadas a tornarem-se escritas, como que marcando o que neste momento vivo e sinto - é isso que gosto na escrita, na leitura, nas palavras e nas letras que nos compõem a vida.
Estou completamente sereno. O aquecedor está ligado e as obrigações mais ou menos cumpridas. Não tenho sono, não me apetece ler. Não me apetece ouvir música, não me apetece comer, nem ver vídeos, nem ler pensamentos de outras pessoas. Apetece-me estar assim: com os meus próprios pensamentos.
Até sei porque não continuei em alta, soube de uma ou outra coisa que me deixaram atordoado. E depois é esta coisa de pensar no futuro incerto que tenho pela frente que se nuns dias me anima, noutros me angústia.
Enfim, para o que serve isto mesmo? Para nada: só aqui está porque o fiz aqui directamente não vinha aqui à quinhentos anos e um dia ainda me esqueço definitivamente deste canto com pó e teias de aranha.
E pronto, já escrevi mais cinco minutos e já estive mais alguns momentos em sintonia com os meus pensamentos. Vamos ver onde me levam agora.


Ah, e o assunto era esse mesmo que está no título.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Assunto: Eu, os Pensamentos e as Questões

Acho-me boa pessoa. Peço desculpa pela presunção, mas acho que sim. Que tenho uma formação boa. Com um sistema de valores correcto. Com sentido de justiça. Valorizo acima de tudo a amizade e a verdade. Mas há dias, como o de hoje, no momento de agora, em que coloco tudo isto em causa. E penso que só o facto de colocar isso em causa já é um mau presságio.
Ora, especificando um pouco mais: estágio - encontrar organização; grupo - 3 elementos; hoje - encontro numa das organizações que respondeu; presentes - dois dos supostos três elementos; resultado - não ficámos; porquê? - falta de credibilidade.
A verdade é que a pessoa em questão não nos respondeu: «Não vos dou estágio porque não têm uma imagem muito credível, com a falta deste terceiro elemento...», desculpou-se com o facto de sermos três (algo pouco comum no momento de pedir estágio), com o facto de três ou quatro dos chefes de equipas / gabinetes estarem de baixa, licença, férias e ter mudado de emprego. E no fim mostrou-se aberta a que para o ano lá voltássemos, separadamente, e a frequentar Mestrado que teria todo o gosto em nos dar estágio.
Ora, a verdade é que quando marcámos a reunião a pessoa que a marcou e que nos recebeu já sabia que éramos três, e já sabia que os seus colaboradores estavam indisponíveis no momento, e ainda assim, mostrou-se aberta a receber-nos. O que nos deu a impressão de que iria aceitar-nos, porque não faria grande sentido marcar uma reunião para dizer que não.
A verdade é que depois deste episódio o sentimento era o de que tínhamos sido prejudicados pelo terceiro elemento que faltou. E continuo a achar que fomos. Mas ao mesmo tempo, sei que esse elemento faltou porque estava a trabalhar - que tem dois trabalhos, que vive sozinho, que paga um quarto, e que ainda está a terminar a Licenciatura.
E sabendo isto, fico sem saber se devo sentir-me prejudicado, ou se devo afastar estes pensamentos porque a verdade é que o terceiro elemento tem uma vida complicada e merece a minha compreensão e apoio.
E pronto. Nestes momentos sinto, realmente, que não sou assim tão boa pessoa. Porque apesar de achar que devia ser compreensivo, não consigo parar de pensar que hoje fui prejudicado grandemente por causa de outra pessoa.
Enfim, tentar sermos boas pessoas é uma treta. Se pudesse bater com a porta e decidir alguma coisa, as coisas piavam fininho. Irra, que não há paciência. Toda a gente em estágio e eu apiado por causa de factores externos à minha pessoa.

domingo, 7 de novembro de 2010

Assunto: Música

Há em todo o lado. Entramos na loja do Centro Comercial e ouvimo-la alto, a marcar a identidade daquelas pessoas, daquele produto, daquele momento. Ouvimo-la no autocarro no pequeno rádio do senhor motorista. E depois ouvimo-la nos nossos i-pods, mp3, mp4, computadores, televisões. Está presente. E na fase da adolescência ainda mais. Os jovens fecham-se sobre o seu mundo e, muitas vezes, a música é a forma que têm de comunicar, de partilhar, de dizer qualquer coisa que não sabem quais as palavras usariam.
E aquilo que se nota é que cada vez há mais formas de termos acesso a música do nosso agrado. Todos podemos hoje identificarmo-nos com alguém, alguma sonoridade, alguma voz. E isso é bom. É democrático e livre.
Se às vezes as pessoas partilhassem a liberdade da música noutros aspectos, seríamos um lugar muito mais livre, democrático e prático. Porque a música é tudo isso.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Assunto: Os dias de hoje

Eu não me dou muito bom com contas, mas nos três segundos que demorei a escrever o título desta mensagem foram enviadas, em todo o mundo, cerca de 600 mil sms's. Pois é. Um estudo não sei do quê, feito não sei por quem, diz que por segundo, em todo o mundo, são enviadas 200 mil mensagens de telemóvel.
A mim mete-me medo. Principalmente se pensar que envio por dia, no máximo umas vinte mensagens. E há dias em que nem uma envio. Fins-de-semana normais - sem combinações exigentes - o meu pobre telefone é capaz de ter uma média de 15 sms's nos dois dias. E volto ao começo deste parágrafo: mete-me medo! Primeiro porque demonstra o quão desinteressante a minha vida pode ser. (Ou então não. Porque uma vida cheia de sms, também não me parece muito apelativa...). Depois, porque demonstra o quão excluído estou do mundo a nível tecnológico: não bastava não ter Facebook, ter só um telefone, ter só um computador que é portátil, mas tem um risco ao meio, não funciona se não estiver ligado à ficha e não sai do mesmo sítio há pelo menos três anos; ter o mesmo número de telefone para aí desde o 10.º ano, não ter DVD em casa (nem no jardim!)... And so on.
Pois que enquanto aqui estou já foram enviadas dezenas de milhares de milhões de mensagens de um telemóvel para outro. E o meu não tocou uma única vez. Uff! Ao menos isso.
Enfim. São os dias de hoje. A tecnologia no seu melhor. Ou então não. Porque o melhor da Ciência e da Tecnologia foi esta semana, num hospital lá para os States terem removido um tumor exterior que tornou conhecido o «homem do Rossio», no total pesava mais de cinco quilos e agora aquele que viveu toda a sua vida sem rosto, poderá viver, pelo menos, com menos olhares de medo e nojo. É a Ciência. E a Medicina. É melhor pensar nisto do que naquela quantidade gigantesca de sms's. MEDO!
Com um adeus sentido, meu país. Através deste blogue, que sempre poupa os dedos e os botões duros das teclas do telemóvel, porque dedos para sms'a vão custar uma fortuna daqui a uns anos, de tão gastos que os do mundo de hoje vão estar!...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Assunto: O Futuro

Em crianças perguntam-nos o que queremos ser. Normalmente aí a ideia está sempre muito definida, vai mudando de umas coisas para outras, mas temos sempre aquela ideia de que "quando for grande quero ser ...". E depois temos vinte anos. Vivemos sem expectativas reais. Ou com expectativas demasiado reais e demasiado negativas. Há dias em que é difícil pensar num futuro próximo. E há dias, em que, imagine-se, ter os tão aclamados 20 anos é difícil. Depois, quando se chega aos quarenta ou aos cinquenta, dizemos "ai quem me dera ter outra vez vinte anos". Pois aqui os meus vinte anos dizem-vos: pode ser bom voltar a ter 20 anos, mas só é bom se não calharmos num dia como o de hoje.

Não é por acaso que falo de profissões. Hoje já ninguém tira um curso ou começa a trabalhar a pensar que vai estar naquele posto, naquela função, com aquelas pessoas o resto da vida. Mas houve tempos em que isso aconteceu. E eram tempos seguros. Em que se podiam fazer planos minimamente reais, e que entre o sonho e os tostões que se amealhavam se podia sonhar com algo melhor. Hoje estudamos qualquer coisa. Pensamos qualquer coisa. Queremos ser qualquer coisa. E depois?

... hoje é um daqueles dias em que o que mais me custa é pensar no "e depois?".

Porque depois hão-de vir mais dúvidas, mais dificuldades, mais gente que não sabemos bem o que são, e mais gente que queríamos tanto que fossem mais alguma coisa. Porque é difícil não podermos ter todas as pessoas que queríamos, porque muitas vezes essas pessoas não nos querem. E porque também é muito difícil querer ser muita coisa, e pensarmos que não vamos conseguir, que não vamos poder e que "não vai dar".

Mas depois, penso, "porquê?".

E continuo a pensar na irregularidade da vida de hoje, nos altos de uns e nos baixos de outros. Na sorte e no azar. No copo meio cheio ou no copo meio vazio. Naquela coisa do destino. E depois só penso, que afinal o meu pode ser algo de bom. E quem sabe se para o ano não estou em Letras no Porto, não continuo a trocar mails, sonhos, músicas e palavras. Ou a sonhar acordado tantos sonhos parecidos com os da Di. A acreditar que a Tânia é uma super-mulher. E a ver a D. Isabel a vencer as batalhas com aquele sorriso. Penso na M e na Esteli, na Nádi e na Samanta numa grande festa no Porto, ou só num jantar feito por mim, na minha casa. Penso que estas serão as miúdas que me vão fazer acreditar que os baixos de hoje nunca estarão perto dos altos de amanhã. E esperemos que assim seja, não é?

Porque há dias em que era melhor estar noutro sítio. E por estarmos noutro sítio, já temos o pretexto para falar com o coração e pedir uma mensagem que nunca vem. Um olhar que demora a ver. Alguma coisa que demora sempre muito a chegar.

Hoje é um daqueles dias em que se começa bem, e se acaba mal. Como os altos e os baixos. Mas pronto. Teremos sempre os mails, as páginas dos blogues felizes, as vidas preenchidas e alegres para nos fazerem sonhar. Porque, quem sabe, se não teremos "tudo isso e muito mais"?

Hoje o futuro pareceu-me trinta vezes pior que o passado. E isso não é nada bom. Teremos sempre o amanhã, que poderá ser trinta vezes melhor que o hoje. E esses dias são tão bons!